terça-feira, 9 de junho de 2009

Dizem que os acidentes acontecem por acaso... Bom, se calhar é verdade. Mas porque é que teve de acontecer a mim? Eu não fiz mal a ninguém... Mas também toda a gente sabe que, pelos vistos, não temos de fazer nada de mal para nos acontecerem... Por exemplo, naquele avião que caiu, da AirForce France, ia um bébé... Os bébés não fazem mal a ninguém e, no entanto lá aconteceu... Mas não posso fazer comparações. A morte, eu sei que é muito pior, posso dizer até que podia ter morrido....
"Vimos a Sofia, o David, o Miguel, vimos toda a gente e agora isto acontece..." disse a minha mãe quando estava comigo na ambulância. Sabem aquelas diversões que há nas feiras, que andam tão depressa que nos fazem vomitar? Alguém decidiu ir andar nisso e depois vomitou. Eu também lá quis andar nisso, por ser a unica diversão em que eu me divertia, por andar tão depressa. "Vai para a fila", disse a minha mãe. Nem foi perciso andar muito.. Mal meti o pé em cima da plataforma de ferro da diversão, escorreguei no vomitado da tal pessoa. Perdi os sentidos... Só vim ao de cima quando a minha mãe me foi levantar, estando ela já em pânico. Ao levantar-me, pensei: "Toda a gente está a rir-se de mim..." Não chorei, não disse nada, apenas olhava em volta... Toda a gente olhava com cara de pânico. A minha mãe gritava com o dono da diversão, porque devia manter aquilo limpo, por estar a prestar um serviço ao público. Um grupinho de miúdos, por volta dos 13 anos, estava à minha volta, todos preocupados. Odeio que tenham pena de mim... Mas toda a gente teve, não pude evitar os ohares de todos os lados... Fui levada por policias para uma ambulância.. Não tinha dores, não sentia nada.. A primeira coisa que fiz, foi ligar ao Hugo. Não sei porquê. "Ainda gostas dele...", disse a minha mãe, já mais calma. Ñão lhe respondi, mas foi ai que quebrei e comecei a chorar, não porque me doi a cara, mas porque me doia o coração... Se calhar até gosto. Depois disso, os bombeiros levaram-me para o hospital de Cascais. Puseram-me em nivel dois de gravidade. Espere umas duas horas até ser chamada. Lá dentro, estava um homem com ligaduras na cabeça. Quando entrei na sala que dizia Cirurgia, esse homem teve um ataque e começou a sangrar da cabeça. Não consegui evitar e fiquei a olhar até que a minha mãe pediu para fechar as cortinas... Quando sai do hospital, estavam à porta os rapazes que também estavam na fila de espera da diversão. Deve ter caido mais alguém. Depois disso, fui para o hospital de S. José, em Lisboa, onde passei a noite. Só cheguei a casa ao meio-dia. Já não vou puder sorrir em frente às pessoas por ter vergonha, durante três ou mais semanas. Não consigo...

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